quinta-feira, 30 de junho de 2022

A CRUZ DE SIMÃO CIRINEU

 

A CRUZ DE SIMÃO CIRINEU

Marcos 15


16. E os soldados o levaram dentro à sala, que é a da audiência, e convocaram toda a coorte. 17. E vestiram-no de púrpura, e tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça. 18. E começaram a saudá-lo, dizendo: Salve, Rei dos Judeus! 19. E feriram-no na cabeça com uma cana, e cuspiram nele e, postos de joelhos, o adoraram. 20. E, havendo-o escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e o vestiram com as suas próprias vestes; e o levaram para fora a fim de o crucificarem. 21. E constrangeram um certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.

 

 

Fiquei a pensar recentemente num leito de UTI por covid 19, que a cruz estava demasiadamente pesada e que essa enfermidade não era minha e de repente eu tive que carrega-la até a UTI.

Entre os devaneios da febre lembrei desse homem, Simão Cirineu, que carregou uma cruz que não era sua. Mas o que eu sabia sobre ele e o que Deus queria me mostrar?

 

O CONTEXTO

Deram a Jesus a cruz que era de Barrabás, pois devido a rapidez dos julgamentos não foi possível ser confeccionado uma cruz nas medidas de Jesus, ele morreu em uma cruz que não era dEle, mas minha e sua.


Com a cruz nas costas Jesus sai do centro religioso de Jerusalém, do pretório e desse uma ladeira, que chamamos de “Via Dolorosa”. Por ali as pessoas cuspiam em Jesus e proferiam palavras torpes. Por essa rua estreita e calçada de pedras irregulares, Jesus caminha carregando uma cruz que pesava aproximadamente cerca de 70 Kilos, a julgar pelas medidas de Barrabás, mas Jesus está todo surrado, cortado, havia sangrado muito e seu corpo está ultrajado, então ele cai algumas vezes, mas torna a se levantar e prosseguir em direção ao Gólgota.


Da fortaleza Antônia, onde Jesus foi açoitado e saiu carregando a cruz existe uma rua estreita e andando por ela existe uma esquina que converge para a direita e dá para uma das portas que leva para fora da cidade murada. Próximo a esta esquina existe uma pedra que tem em cima uma pequena inscrição, Shimom Cirineu, ou seja, foi neste lugar que um homem estranho foi constrangido a ajudar um condenado inocente.



Ao virar nesta esquina se segue até um dos doze portões da cidade de Jerusalém, que se chama O Portão de Damasco, e ao passar por este portão já se está fora da cidade Santa e próximo ao lugar onde aconteceu a crucificação do Senhor Jesus que em Hebraico é chamado de Gólgota.

1.     QUEM ERA SIMÃO CIRINEU O QUE FAZIA EM JERUSALÉM?

 

a)    Seu nome – Simão de Cirene. Simão por ter herdado esse nome judaico do segundo filho de Jacó, Simeão. Cirineu pois era da cidade de Cirene, no norte da África, depois ficou conhecida como Etiópia. Então era Judeu, visitante em Jerusalém e negro.

No livro de Atos, Cirene é relacionada na lista de cidades e regiões das quais se originavam os peregrinos que presenciaram o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes (Atos 2:10). Por isto mais tarde alguns cireneus aparecem envolvidos com a pregação do Evangelho (Atos 11:20; 13:1). Mas também alguns cireneus estavam entre aqueles que fizeram oposição à pregação de Estêvão (Atos 6:9). Tudo isso parece indicar que havia muitos judeus vivendo em Cirene.

Essa cidade ou este território antes de ser uma colônia grega era um reino chamado Sabá, e tinha uma rainha chamada e conhecida por “Rainha de Sabá”, que a muitos anos atrás teria vindo visitar e conhecer o famoso rei e tido com ele um relacionamento profundo (I Reis 10). Os historiadores Judeus acreditam que Simão era descendente desse relacionamento 

 

b)    O que fazia em Jerusalém?

- Era a Páscoa – Os judeus tinham que ir a Jerusalém uma vez no ano e isso acontecia nas três principais festas judaicas (Páscoa, pentecostes e tabernáculos), sendo a páscoa uma delas.

- Como Simão era Judeu estava indo para a festa da páscoa.

- De Cirene até Jerusalém era uma viagem de 16.000 quilômetros, mais ou menos 30 dias de viagem considerando os montes e estradas da época. Simão DEVERIA CHEGAR A  a Jerusalém no dia 14 de Abibe.

- Ritual - Um ritual acontecia todo ano no dia 14 de Abibe, no templo sagrado, pontualmente, onde uma multidão de homens se aglomerava para participar, vestidos de linho branco, era o sacrifício do cordeiro pascal. Na entrada o local ficava homens responsáveis por inspecionar as vestes dos que desejavam entrar ali, sabendo que se houvesse uma mancha ou qualquer sujeira na veste branca de linho, este não poderia entrar no local sagrado da cerimônia.

Dentro do templo havia um altar grande e alto, com cerca de 2,80 metros de altura todo feito em pedra inteira sem corte ou trabalhada, e após o Sacerdote cortar a jugular do cordeiro ele o pegava pelas pernas traseiras e com movimentos no sentido horário girava sete vezes em torno do altar deixando que o sangue caísse e escorresse pelo altar, e quando todo o sangue já havia saído o sacerdote pegava uma planta citada no Salmo 51:7, chamada hissopo, que é uma planta esponjosa, com forte poder de absorção, e com a planta encharcada, ele aspergia sobre os homens que ali estavam para que recebessem ao menos uma gota do sangue do cordeiro na veste de linho puro, e quando isso acontecia aquela veste passava a ser um troféu para a vida do judeu. Imagine que os judeus viajavam milhares de quilômetros para receber ao menos uma gotinha do sangue do cordeiro.

c)     O objetivo de Simão foi frustrado - Simão entra com esse objetivo pela porta de damasco,

Então quando Simão chega à cidade de Jerusalém após uma longa viagem, muito feliz, ele entra pela porta de Damasco e veste a sua roupa branca de linho puro e caminha em direção ao local da cerimônia a fim de receber uma gotinha de sangue. Assim caminha Simão, mas quando ele dobra uma esquina ele depara com uma cena horrenda, pois um condenado todo ensangüentado caminhava em sua direção carregando uma cruz e pendurado em seu pescoço uma tábua com inscrição em três línguas, Grego, Latim e Hebraico, que dizia: “Yeshua et Nazareth melec Yudim”, ou seja, “Jesus de Nazaré rei dos judeus”.

 

- Jesus ensanguentado no meio de uma multidão que gritava, e quando chega perto de Simão Cireneu o homem cai, sem condições de se reerguer.

21. E constrangeram um certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.

- Os soldados constrangeram Simão a carregar a cruz. Naquele momento a vida de Simão começou a mudar... Ele foi até Jesus, colocou o madeiro em suas próprias costas, para isso colocando seu braço em torno daquele homem ensanguentado. O toque, o olhar, a voz do mestre tocaram na vida de Simão. Mas na frente, 50 passos, o mestre seguiria só novamente.

Que já tinha perdido a oportunidade de entrar no templo com seu vestido e receber a gota de sangue do cordeiro,  agora vestido manchado, a hora passada, o que ele precisava? Saber quem era aquele homem. Jesus o filho de Davi.

d)    A Volta pra Casa

Uma longa jornada de volta teria que ser feita pelo judeu negro, mas agora ele carrega dentro de seu coração a imagem da face machucada de um homem que era inocente, e dentro de sua bagagem vai uma roupa de linho branco encharcada de sangue. Quando Simão chega em casa, seus filhos, sua família, seus amigos, querem ver o troféu, então Simão tira a veste de linho e lhes conta a história de Yeshua Ben-David, e todos choram juntos e se convertem ao nome que está acima de todos os nomes. E talvez você pergunte como cheguei a esta conclusão, é só lermos o escrito de em Romanos 16:13. Mais tarde encontramos o Apóstolo Paulo se referir a um grande missionário da região de Corinto, na cidade Cencréia, que na verdade era um porto de Corinto. Segundo historiadores este Rufo tinha um irmão também muito fervoroso e fiel a palavra, e seu nome era Alexandre, ambos os filhos de Simão.

 

 

2.     O QUE APRENDEMOS?

 

a)    A cruz não era de Jesus, era de Barrabás, era minha e era sua.

b)    Simão ao ter oportunidade de encontra Jesus mudou sua vida, e agora tinha tido um encontro com o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

c)     Os momentos de dor que passamos servem a um propósito maior de Deus que as vezes não é o mesmo que nossos objetivos.

d)    A Bíblia quando se refere a linho branco fala de justiça dos homens... mas quando você se depara com Jesus ele lhe cobre com seu sangue que é a verdadeira justiça de Deus.

Não podemos passar de largo junto aquele que sofre.... esse que sofre pode ser Jesus. Mateus 25:35-45

e)    Um verdadeiro encontro com Jesus muda nossa vida por completo.

f)      A dor é sempre pedagógica. Deus tem uma lição, um propósito que é maior que nós mesmos, não importa o que passemos o seu nome deve ser glorificado.

g)    A conversão de Simão foi extensiva a sua família a- O evangelista Marcos adiciona que ele era pai de Alexandre e Rufo, duas pessoas conhecidas dos cristãos romanos (Marcos 15:21; Romanos 16:13).

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