domingo, 7 de abril de 2013

O AMOR VERDADEIRO DE 1 CORINTIOS 13



O AMOR VERDADEIRO – 1 COR 13 1-13

      Paulo começa declarando que um homem pode possuir muitos dons espirituais, mas que se eles não estão acompanhados pelo amor não são válidos.

Pode ser dono do dom de línguas. Uma característica do culto pagão, em especial do culto a Dionísio e Cibele, era o choque e o retinir dos címbalos e o som bronco das trombetas. Até o desejado dom de línguas não era melhor que a gritaria do culto pagão se o amor estava ausente.
 Pode possuir o dom de profecia. Já vimos que corresponde mais proximamente à pregação. Há dois tipos de pregadores. Existe o pregador cujo fim é o de salvar as almas de seu povo, e que os busca e sussurra por eles com os acentos do amor. De ninguém este fato era tão certo como do próprio Paulo. Por outro lado há o pregador que suspende os que o ouvem sobre as chamas do inferno e dá sempre a impressão de que se regozijaria tanto com sua condenação como com sua salvação.
Pode ter o dom do conhecimento intelectual. O perigo permanente da eminência intelectual é o esnobismo intelectual. O homem instruído corre o perigo de desenvolver um espírito de desprezo. Só um tipo de conhecimento cujo frio desapego tenha sido aceso pelo fogo do amor pode realmente salvar aos homens.

Pode ter uma FERVOROSA. Há momentos nos quais a fé pode ser muito cruel. Havia um homem que consultou seu médico e se inteirou de que seu coração estava cansado e que devia descansar. Telefonou a seu empregador, que era uma notável figura cristã, e lhe deu a novidade, só para receber esta resposta: "Eu tenho uma força interna que me permite continuar." Estas são as palavras da fé, mas de uma fé que não conhece o amor, e, portanto machucam e danificam.
Pode ser que pratique o que os homens chamam caridade, pode ser que distribua seus bens entre os pobres. Não há nada no mundo mais humilhante que a chamada caridade sem amor. Dar como por uma feia obrigação, com certo desdém, nos colocar sobre nossa pequena eminência e arrojar migalhas de caridade como se fosse a um cão, dar ou acompanhar esta ação com um polido sermão moral ou uma recriminação entristecedora, não é caridade absolutamente, é orgulho, e o orgulho é sempre cruel devido ao fato de que não conhece o amor.
Pode dar seu corpo para ser queimado. Pode ser que os pensamentos de Paulo se remontem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e o forno de fogo ardendo (Daniel 3). Talvez seja mais provável que estivesse pensando num famoso monumento ateniense chamado "a Tumba do Índio. Ali um índio se queimou em público em uma pira funerária e tinha feito com que se gravasse no monumento esta jactanciosa inscrição: "Zarmano-Chegas, um índio da Bargosa, de acordo com o tradicional costume dos índios, fez-se imortal, e descansa aqui." É bem possível que Paulo estivesse pensando em cristãos que em realidade incitavam à perseguição. Se o motivo que faz com que alguém dê sua vida por Cristo é o orgulho, o brilho e a própria glória, até seu martírio não tem valor. Não é cínico recordar que muitas obras que aparentam ser sacrifícios foram o produto do orgulho e não da devoção e do amor.
É difícil que haja outra passagem nas  Escrituras que exija como esta, que o homem bom se examine a si mesmo.

A NATUREZA DO AMOR CRISTÃO  1 Coríntios 13:4-7
Nos versículos do 4 a 7 Paulo menciona quinze características do amor cristão.
1.     O amor é paciente. A palavra que se utiliza em grego (makrothumein) no Novo Testamento sempre descreve a paciência com as pessoas e não com as circunstâncias. Crisóstomo diz que é a palavra que se usa acerca do homem que foi afrontado e que tendo poder para vingar-se facilmente, não o faz. Descreve o homem que é lento para a irritação. Utiliza-se para referir-se ao próprio Deus em sua relação com os homens. Ao tratar com os homens, por mais recalcitrantes, desumanos e ferinos que sejam, devemos exercer a mesma paciência que Deus tem para conosco. É uma simples verdade que este tipo de paciência não é um signo de fraqueza, mas sim de força, não é deixar-se vencer, a não ser o único caminho rumo à vitória.
Fosdick assinala que ninguém tratou a Lincoln com mais desprezo que Stanton. Chamou-o "um palhaço baixo e sagaz". Apelidou-o "o gorila original" e disse que Du Chaillu era um parvo ao percorrer sem rumo a África tentando capturar um gorila, quando poderia ter encontrado um tão facilmente em Springfield, Illinois. Lincoln não dizia nada. Nomeou Stanton como ministro da guerra devido ao fato de que era o mais capaz para este trabalho. Tratou-o cortesmente. Os anos passaram. Chegou a noite em que a bala assassina matou Lincoln no teatro. No pequeno quarto ao que foi levado o corpo do presidente estava o próprio Stanton, que olhando o rosto silenciosa de Lincoln em toda sua grosseria, disse através de suas lágrimas: "Ali jaz o maior dos governantes que o mundo jamais viu." A paciência do amor tinha vencido no final.
2.     O amor é bondoso. Orígenes dizia que isto significa que o amor é "doce para todos". Jerônimo falou do que ele chama "a bondade" do amor. Há muito cristianismo que é bom mas que não é bondoso. Não havia nenhum homem mais religioso que Filipe II da Espanha, e entretanto foi o fundador da Inquisição espanhola e pensou que estava servindo a Deus aniquilando àqueles que pensavam de maneira diferente à sua. O famoso Cardeal Pole declarou que o assassinato e o adultério não podiam comparar-se com a heresia em perversidade. Completamente além desse espírito de perseguição, em muita gente boa existe uma atitude de crítica. Muita boa gente de igreja se pôs do lado dos
governantes e não de Jesus, se tivessem tido que tratar o caso da mulher surpreendida em adultério.
3.     O amor não inveja. Tem-se dito que em realidade há dois tipos de gente no mundo: "Os que são milionários e os que desejam sê-lo." Há dois tipos de inveja. A primeira deseja as posses de outros, e é muito difícil evitar devido ao fato de que é muito humana. A outra é pior — inveja tão somente o fato de que outros tenham o que ela não tem. Não deseja tanto as coisas por si mesmas, mas sim desejaria que outros não as tivessem. A mesquinharia da alma não pode cair mais baixo que isto.
4.     O amor não se vangloria. Há uma qualidade modesta nele. O verdadeiro amor está sempre mais impressionado por seu próprio pouco valor que por seu próprio mérito.
Na história de Barry, Tommy o sentimental estava acostumado a chegar a sua casa e dirigir-se a sua mãe depois de ter tido êxito na escola, dizendo: "Mãe, não sou uma maravilha?"
Alguns outorgam seu amor com a idéia de que estão conferindo um favor. Mas o verdadeiro amante nunca pode superar o assombro de ser amado. O amor se mantém humilde tendo consciência de que nunca poderá oferecer ao ser amado um dom suficientemente bom.
5.     O amor não se orgulha. Napoleão sempre defendia a santidade do lar e a obrigação do culto público — para os outros. De si mesmo dizia. "Não sou como os outros homens. As leis da moral não se aplicam a mim." O homem realmente grande nunca pensa em sua própria importância.
Carey foi um dos maiores missionários e certamente um dos maiores lingüistas que o mundo conheceu. Traduziu ao menos partes da Bíblia a não menos de trinta e quatro linguagens índias. Começou sua vida como sapateiro. Quando chegou à Índia foi olhado com desgosto e desprezo. Uma vez durante um jantar, um esnobe, com o desejo de humilhá-lo, disse num tom que todos pudessem ouvir: "Creio, senhor Carey, que uma vez você trabalhou como sapateiro." "Não, senhor", respondeu Carey, "não como sapateiro, só como remendão." Nem sequer
pretendeu dizer que tinha feito sapatos, só que os remendava. Ninguém gosta da pessoa "importante". O homem "vestido de uma pequena e breve autoridade" pode ser um espetáculo lastimoso.
6.     O amor não maltrata (NTLH: não é grosseiro). É um fato significativo que em grego a palavra que se utiliza para graça e para encanto é a mesma. Há um tipo de cristianismo que se deleita em ser descortês e quase brutal. Tem força, mas nada de atrativo. Lightfoot de Durham disse a respeito de Artur F. Sim, um de seus alunos: "Vá aonde quiser, o seu rosto será por si mesmo um sermão." Há uma certa afabilidade no amor cristão que nunca esquece que a cortesia, o tato e a amabilidade podem ser considerados virtudes menores, mas são coisas belas.
7.     O amor não procura seus interesses (Não insiste em seus direitos). Em última análise há no mundo dois tipos de pessoas: as que estão continuamente pensando em seus direitos e as que estão continuamente pensando em seus deveres; aqueles que sempre insistem em seus privilégios e aqueles que sempre lembram suas responsabilidades; os que sempre estão pensando no que a vida lhes deve e os que nunca esquecem o que devem à vida. A chave de quase todos os problemas que nos rodeiam hoje em dia, seria que os homens pensassem menos em seus direitos e mais em suas obrigações. Quando começamos a pensar a respeito de "nosso lugar" nos estamos afastando do amor cristão.
8.     O amor não se ira facilmente. O verdadeiro significado disto é que o amor cristão nunca se exaspera com as pessoas. A exasperação é sempre um signo de derrota. Quando perdemos a calma, perdemos tudo. Kipling disse que a prova de um homem era que podia manter-se sereno quando todos outros perdiam a cabeça e o culpavam disso, e se era odiado não dar pé ao ódio. O homem que domina seu temperamento pode chegar a dominar qualquer coisa.
9.     O amor não guarda rancor. A palavra traduzida guardar (logizeshthai) é um termo de contadoria. É a palavra que se utiliza para assentar um item num livro maior de modo que não seja esquecido. Isto é precisamente o que muita gente faz. Uma das grandes artes da vida é aprender a esquecer. Um escritor nos conta de como "na Polinésia, onde os nativos passam a maior parte de seu tempo brigando e festejando, é costume que todos os homens guardem algo que lhes recorde seu ódio. Se cuelgan diversos artículos dos tetos de suas casas para manter viva a lembrança de sua ofensa, real ou imaginária". Da mesma maneira muita gente alimenta sua irritação para mantê-la acesa; refletem sobre suas ofensas até ser impossível esquecê-las. O amor cristão aprendeu a grande lição de esquecer.
10.                       O amor não se alegra com a injustiça. Seria melhor traduzir isto dizendo que o amor não encontra nenhum prazer em nada que esteja equivocado. Não se refere ao prazer de fazer coisas equivocadas, mas ao prazer malicioso que nos sobrevém quando ouvimos dizer algo condenatório a respeito de outra pessoa. Uma das curiosas qualidades da natureza humana é que muitas vezes preferimos ouvir a respeito dos infortúnios de outros que de seus êxitos. É muito mais fácil chorar com os que choram que alegrar-se com os que se alegram. Estamos muito mais interessados em ouvir uma história saborosa que desacredite a alguém, que outra que o elogie. O amor cristão não tem nada dessa malícia humana que encontra prazer nas informações malignas.
13. O amor se alegra com a verdade. Isto não é tão fácil como parece. Há momentos nos quais definidamente não queremos que a verdade prevaleça, e ainda há mais momentos em que a última coisa que gostaríamos de ouvir é a verdade. O amor cristão não deseja velar a verdade; é o suficientemente valente para enfrentá-la; não tem nada a esconder e portanto se alegra quando a verdade prevalece.
11.                       O amor tudo sofre. Pode ser que isto queira dizer "o amor pode cobrir qualquer coisa", no sentido de que o amor nunca arrastará à luz do dia as faltas e os equívocos de outros. Prefere ficar compondo as coisas em silêncio do que mostrando-as e reprovando-as publicamente É provável que signifique que o amor pode suportar qualquer insulto, injúria e desilusão. Esta é uma descrição do amor que havia no coração do próprio Jesus.
12. O amor todo crê. Esta característica do amor tem um duplo aspecto.
(1) Com relação a Deus significa que o amor crê na palavra de Deus, que crê absolutamente em suas promessas, que pode tomar cada uma das promessas que começam com "Qualquer um" e dizer "Isso se refere para mim." É o amor que emana da fé que "arrisca sua vida por afirmar a existência de Deus".
(2) Com relação a nosso próximo significa o amor que sempre crê o melhor a respeito de outros. É certo que fazemos das pessoas o que cremos que elas são. Se agirmos de tal forma que demonstramos que não confiamos nas pessoas, que os olhamos com suspeita, fazemo-los indignos de confiança. Se agirmos de tal maneira que demonstramos às pessoas que confiamos nelas de modo absoluto, a não ser que tenham perdido a honra, então as fazemos dignas de confiança.
Quando Arnold se converteu no diretor da escola de Rugby, instituiu uma forma completamente nova de fazer as coisas. Antes dele, na escola tinha reinado o terror e a tirania. Arnold chamou os estudantes e disse que ia haver muita mais liberdade e menos castigo. Disse-lhes: "Vocês são livres, mas responsáveis. Vocês são cavalheiros. Tenho a intenção de deixar muito nas mãos de vocês para que ajam por si mesmos e fazê-los responsáveis por sua honra, porque creio que se eu os cuidar, vigiar e espiar, vocês crescerão conhecendo só os frutos do medo servil, e quando finalmente lhes der a liberdade, como será algum dia, vocês não saberão como usá-la." Os estudantes encontravam difícil acreditar. Quando eram levados perante ele continuavam inventando as mesmas velhas desculpas e dizendo as mesmas mentiras. Ele lhes dizia: "Moços, se vocês o disserem, deve ser certo, creio em sua palavra. O resultado foi que chegou um momento em que os estudantes de Rugby disseram: "É uma vergonha dizer uma mentira a Arnold, sempre acreditou em nós." Ele creu neles e os converteu no que ele cria que eram. O amor enobrece até o ignóbil, ao crer o melhor sobre ele. O amor tudo espera. Jesus cria que nenhum homem era incorrigível.
Adam Clark foi um grande teólogo. Era muito lento para aprender na escola. Um dia um visitante distinto chegou à escola e o professor, assinalando a Adam Clark, disse: "É o moço mais torpe da escola." Antes de deixar o lugar, o visitante se aproximou do jovem e lhe disse amavelmente: "Não se preocupe, querido, pode ser que chegue a ser um grande erudito algum dia. Não se desanime, mas leve as coisas a sério e continue fazendo-as." O professor não tinha esperanças, o visitante sim, e quem sabe se não foram essas palavras de esperança as que fizeram com que Adam Clark chegasse a ser o que um dia veio a ser?
14. O amor tudo suporta. O verbo que se utiliza aqui (hupomenein) é uma das grandes palavras gregas. Geralmente é traduzido por suportar, agüentar; mas o que esta palavra descreve em realidade não é o espírito que se senta e suporta passivamente as coisas, mas ao fato que, ao suportá-las pode vencê-las e transmutá-las. Foi definido como "uma viril perseverança perante o juízo".
George Matheson, que perdeu a vista e estava desiludido do amor, escreveu em uma de suas orações que lhe permitiu aceitar a vontade de Deus: "Não com resignação muda, mas com alegria santa, não só sem murmurar, mas com um canto de louvor."
O amor pode suportar as coisas, não com resignação passiva, mas com fortaleza triunfante porque sabe que Deus é amor e que "a mão de um pai não causará nunca a seu filho uma lágrima desnecessária".
Uma coisa fica por dizer: quando pensamos nas qualidades deste amor como as descreve Paulo podemos vê vê-las realizadas, atualizadas e encarnadas na vida do próprio Jesus.

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